Queridos amigos, gringos! Permitam-me chamá-los dessa maneira. Não me parece que há uma forma melhor, na verdade. Queridos porque os quero muito bem. São muitos os que estiveram comigo nessa caminhada. É um bom tempo juntos. Já são quase quatro anos. Amigos porque entendo que quando a gente se abre pra ouvir alguém e continua ouvindo, criamos uma conexão, e aí mesmo que a presença não seja física, a gente sabe que ela existe. Talvez seja por isso que nomes como Bruce, Alluster, Katherine, Jose Luis, Nadia, Jack Pearson, tantos outros me soam tão familiar… E gringos, porque bom, uma pessoa que tenta se aproximar e muitas vezes até tenta ser aceita por uma nova cultura merece ser chamada de qualquer palavra melhor que estrangeiro, essa palavra que parece fazer questão de dizer: eu não sou daqui.
Então, meus queridos e queridas, amigos e amigas, gringos e gringas; eu decidi me despedir dessa temporada com um episódio diferente. Um pouquinho diferente… Isso reflete um pouco uma crise criativa que tive para encontrar um tema legal pra encerrar a temporada; mas também o que eu penso para o futuro do Fala Gringo. Deixo pra falar do futuro no final do episódio, tá bom? É que eu queria começar fazendo uma retrospectiva do que a gente aprendeu juntos nessa quarta temporada.
Eu viajei pro Sul do Brasil e vocês foram comigo. Conhecemos a cidade de Curitiba e o sotaque paranaense; além da influência ucraniana na região. Quem lembra? E, por falar em influência estrangeira na nossa cultura, também vimos como ocorreu a imigração italiana para o Brasil, e como isso moldou (influenciou) a nossa culinária e forma de falar português, especialmente em São Paulo. Quando viajei para as margens do Rio São Francisco, entre os estados de Alagoas e Sergipe, vocês também me acompanharam. Ouvimos algumas histórias e tivemos uma perspectiva de como é viver no Sertão Brasileiro. Sertão que lembra cultura sertaneja, que lembra rodeios e vaquejadas; esportes com animais ainda muito comuns no Brasil, que abordamos no episódio 13. A gente viajou até pra Jamaica, mas sem sair do país. Fomos para a Jamaica Brasileira, em São Luis do Maranhão, para conhecer um pouco desse movimento de reggae que acontece por lá.
Refletimos sobre tantas brasilidades, do guaraná à capoeira; e quando as coisas precisavam de um pouquinho mais de seriedade, fomos entender o que estava acontecendo no cenário político nacional: eleições, inflação, garimpo em território indígena, fome e aquela desigualdade social que é um tema recorrente por aqui. É como vocês dizem: o Fala Gringo não foge de assunto difícil.
Como vocês adoram uma história, voltamos ao Brasil colônia para aprender sobre o Ciclo do Açúcar e uma tentativa de colonização holandesa no Nordeste do Brasil; isso foi no primeiro episódio. Ah, também teve aquele episódio do Ciclo do Ouro. Vimos como se desenvolveu o modernismo no Brasil, nas artes plásticas, na poesia e também na arquitetura. E nessa busca incessante por entender o povo brasileiro, a gente se perguntou: “vem cá, por que brasileiro não se considera latino-americano? E por que brasileiro não sabe dizer não? E como é envelhecer nesse país?“
O Fala Gringo nunca se propôs a trazer todas as respostas por mais que, às vezes, o próprio título seja uma pergunta. Muito pelo contrário: o que eu quero aqui é somente apontar alguns caminhos e ajudar despertar a curiosidade de vocês para ampliarem esse olhar sobre esse país tão complexo. E com isso, a gente construiu conexões que vão muito além de um assunto ou outro, conexões entre culturas, entre ouvintes, entre professores e alunos que discutem o podcast nas salas de aula dos centros de línguas das universidades – isso me dá tanto orgulho, e conexões entre mim e vocês.
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